Jesus Cristo

O senhor da tua vida !.

Ele morreu na Cruz para nos Salvar

Maria , mãe do nosso salvador

Um Grande Exemplo de Pureza e Santidade.

Advento

O Advento é tempo indicado para progresso nas virtudes. O Filho de Deus, em Sua encarnação e em Seu nascimento em Belém, revela uma humildade imensa.

Seria ótimo se pudéssemos, com a graça divina, chegar ao presépio mais longe de orgulho, soberba, vaidade e mais cheios de humildade verdadeira.

Há pessoas que não podem subir um degrau porque logo se julgam acima de tudo e de todos.

Como o orgulho é ridículo. Quando o orgulho se exibe e fica se autoelogiando, apresentando-se como uma inteligência rara, como uma cultura sem par, é um pavão que abre a cauda... Quem não sabe que pavão de cauda aberta só pode ser olhado de frente... Do outro lado é um desastre.

Todas as pessoas realmente de valor superior que encontrei no meu caminho, até hoje, eram de uma simplicidade de comover. Convencidos, prosas, exibicionistas são os meio inteligentes.

A humildade tem ligação profunda com a verdade. Se a pessoa é inteligente, não teria humildade autêntica afirmar que não tem inteligência nenhuma. Também não seria sensato quem possui um sol na cabeça...

Santa Teresinha de Lisieux, ao receber de sua superiora ordem para escrever a própria vida, disse, com a maior simplicidade, que não vacilaria em contar coisas positivas e boas que encontrasse nela própria. Na opinião dela, seria um modo de honrar o Criador e Pai, pois o que temos de bom, de positivo, de válido, recebemos de Deus.

E ela disse, com simplicidade encantadora, que se uma roseira tivesse de escrever a própria vida, não poderia negar que suas rosas são belas e têm perfume encantador. Mas não se esqueceria de dizer que tudo isso ela recebia de Deus e de cuidados humanos.

Vamos dar um balanço em nossa humildade?

Será que nos julgamos maiores e melhores do que os outros?

Nosso orgulho é de beleza física?

Somos convencidos é de nossa inteligência? De nossa cultura? De nossa simpatia? De nosso prestígio? De nossa virtude? De nossa santidade?

Queremos que todos nos respeitem, nos homenageiem, nos aplaudam?

Temos antipatia por quem não se curva aos nossos merecimentos, verdadeiros ou imaginários?

Digamos, muitas vezes, mesmo sem palavras, apenas pensando:

Jesus manso e humildade de coração,

Fazei meu coração semelhante ao Vosso!



D. Helder Câmara

Como retomar a vida de oração?


A oração é o oxigênio da alma. “Para mim a oração é um impulso do coração, é um olhar dirigido ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria” (Santa Teresinha do Menino Jesus).

Então, vamos começar pela oração, nós precisamos orar, rezar, conversar com Deus sempre, como nos ensinou Jesus, que orava sem cessar buscando ocasiões para entrar em profunda intimidade com o Pai. Reze com o que está no seu coração, quer seja bom ou ruim, pois na oração nada se perde, tudo se transforma em matéria-prima para Deus, que nos ama, realizar o milagre de que necessitamos. “Tudo pode ser mudado pelo poder da Oração”.

Por isso, escolha todos os dias um horário para fazer sua oração pessoal ou ore o dia todo fazendo o que estiver fazendo; é a oração ao ritmo da nossa vida. Isso nos coloca o tempo todo na presença do Senhor, alimento forte e substancioso. É necessário que essa prática seja fiel e perseverante para se tornar uma coisa normal e habitual em nossa vida, como se alimentar todo dia e várias vezes por dia. A oração com a Palavra de Deus nos manterá de pé e reconheceremos melhor o Senhor e Sua promessa de salvação; Sua Palavra forma nossa mentalidade nos moldes do Reino de Deus.

A Eucaristia, a Santa Missa é o alimento mais forte, pois comungamos o próprio Jesus, nossa vida. Muitas vezes, trabalhamos demais, temos tempo para tudo, para o lazer, para conversar, ver televisão, passear no shopping, mas para parar um pouquinho para repor as “energias” espirituais não damos muita importância. Por isso, existem pessoas morrendo no pecado e numa vida vazia, pois estão “anêmicas” de Deus, com anemia espiritual. Nessa hora, é preciso buscar a ajuda certa, como fez aquela senhora: buscou no Sacramento da Confissão o diagnóstico e o remédio para ser curada e liberta do males da alma.

Cuidado para não buscar alimentos e remédios em falsas doutrinas. Eles são como um alimento falso, que não resolve, pode ser até um paliativo, que engana, mas não cura e pode até levar à morte. Você vai perdendo energia e sangue sem perceber, como nos diz São Paulo: “Enfim fortalecei-vos no Senhor, no poder de sua força, revesti-vos da armadura de Deus, pra que possais resistir às ciladas do diabo. Pois nossa luta não é contra homens de carne e sangue, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos espalhados pelos ares. Por isso, protegei-vos com a armadura de Deus” (cf. Efésios 6, 10-13). Neste caso, o melhor é buscar uma direção espiritual, um sacerdote ou uma pessoa mais madura na fé de sua comunidade para ouvi-lo e rezar por você, pois alimento ou medicamento errado pode matar.

Sem disciplina não se chega a lugar nenhum em tudo que a gente se propõe fazer, quer seja no trabalho, quer seja nos estudos e também na vida de oração: “Sem disciplina não há santidade”.

Portanto, o primeiro passo é começar a rezar, reconhecer que está com anemia espiritual e acreditar que acima de tudo Deus me ama e me espera de braços abertos na confissão, na Eucaristia, no grupo de oração, na partilha, na direção espiritual e no simples terço com Maria. Deus me vê, não é indiferente à minha dor, Deus me entende, quer me envolver de amor.

Rezemos juntos: Pai santo, Pai amado, livrai-me de toda doença espiritual, psicológica ou física e derramai sobre mim o Vosso Espírito Santo, para encher-me de força e de vida, para me ensinar a rezar, vem e curai-me, libertai-me, pois eu quero viver. Dai-me o dom da fortaleza, para me libertar de toda tibieza, abatimento, sentimento de derrota e frieza espiritual, quero vencer através da oração e do louvor. Amém.

Pe.Luizinho

O Reino de Cristo


O ano eclesiástico chega ao fim e celebra Cristo Rei do Universo. Domingo próximo começa um novo ano. Cada ano é como uma órbita completada em torno do sol. Para o homem de fé em Cristo, o Filho de Deus veio ao mundo para demonstrar à humanidade como é o projeto de Deus a ser alcançado pela liberdade do homem: a felicidade eterna.

O ano da Igreja é diverso do astronômico ou civil e do ano escolástico, para contagem do tempo. È a história da salvação revivida anualmente. Tem como pontos culminantes as festas de Natal e Páscoa, e termina com a festa de hoje. A solenidade de Cristo Rei do universo nos diz respeito, como seus cidadãos de pleno direito.

O profeta Daniel 7,13-14, apresenta a visão de alguém semelhante a um Filho de homem, isto é Cristo Jesus, Deus e homem. Jesus se apresentou a Deus que lhe deu poder, glória e reino, e todos os povos o servem. Aí está a imagem de Jesus ressuscitado, que voltou ao Pai e por Ele foi reconhecido rei. Em outro texto profético, o Apocalipse, Jesus é chamado “Príncipe dos reis da terra”: príncipe, isto é o principal, o mais importante. E ele mesmo se apresenta: Eu sou o Alfa e o Omega, a primeira e a última letra do alfabeto grego. Esta nova imagem diz que Jesus é o princípio e o fim, o fim para o qual cada existência é orientada e encaminhada.

Durante sua vida terrena, Jesus mesmo proclamou-se rei. Diante do Procurador romano da Judéia, Pôncio Pilatos, à pergunta “Tu és rei?” como se fosse uma culpa, os chefes hebreus lhe tinham entregue Jesus afirmando que ele tinha intenção de proclamar-se rei. E o procurador romano tinha, entre seus deveres, tutelar a soberania do imperador romano Tibério. Devia pois combater a auto proclamação de rei dos judeus, considerá-lo indivíduo perigoso, condená-lo, eliminá-lo. Jesus ao invés de defender-se, aceitou o jogo: “Tu o dizes, eu sou rei”.

Que raça de rei era Jesus? Se olharmos os poderosos deste mundo, com quanta segurança e solenidade se movem, falam, decidem o destino dos homens e do mundo. Tudo depende deles. E deles se aproveitam também. Um famoso protagonista da Revolução Francesa, Louis Saint-Just, terminado na guilhotina, admitia: “Não se pode reinar e ser inocente”.

Jesus, porém, tinha idéias bem diferentes. Explicava a seus discípulos: “Os reis das nações as dominam, e os grandes exercem sobre elas o poder. O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida”. A única vez que Jesus foi coberto de vestes reais, foi durante o interrogatório de Pilatos. Puseram-lhe sobre os ombros um manto real com a coroa de espinhos, e como cetro na mão uma cana de bambu.

Mas os homens e mulheres que aceitaram a realeza de Jesus, fizeram-lhe um trono em seus corações. Paulo apóstolo dirá que Jesus é escândalo para os judeus, loucura para os pagãos. O mesmo Paulo escreveu: “Deus o exaltou e lhe deu o nome que está acima de qualquer outro nome: porque ao nome de Jesus todo joelho se dobre nos céus, na terra e debaixo dela, e toda língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus”.

É evidente portanto e singular o modo de ser rei de Jesus, e singular também o seu reino. A Pilatos agradou a resposta de Jesus: “O meu reino não é deste mundo”. Não é um concorrente perigoso. Jesus rei não guerreia com exércitos a posse do mundo. O seu reino compromete as pessoas concretas no seu coração. Projeta-se no futuro: nesta existência e na outra.

Se olharmos bem, o reino de Jesus é resposta de Deus às inquietudes do espírito humano insatisfeito, inquieto com a idéia da morte, do fim de tudo. O reino é resposta explícita de Deus à necessidade irreprimível do coração humano, sedento de infinito. O reino de Jesus não se encontra nos mapas do mundo, mas na geografia do espírito. Este reino singular requer de seus cidadãos, os cristãos, coisas não habituais e imprevisíveis. Manda aos seus uma conquista toda espiritual, toda interior, dominar-se, vencer as forças do egoísmo, do instinto da violência. Vitória sobre o pecado, sobre o mal. “Reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz”.

Cardeal Geraldo Majella Agnelo - CNBB

Como aconteceu o nascimento de Jesus? Um estudo partilhado sobre a Palavra de Deus


Neste trabalho, Denis Duarte nos apresenta algumas considerações importantes, de modo a facilitar nosso estudo bíblico.

Ele nos mostra – por intermédio do Evangelho de Mateus 1,18-25 – por que o evangelista cita um texto do profeta Isaías para falar no nascimento de Jesus; o que significavam os esponsais entre Maria e José; qual a diferença entre repudiar publicamente e fazê-lo de modo privado; qual o significado dos nomes "Jesus" e "Emanuel"; entre outros.

Com a Bíblia em mãos, clique para ouvir o podcast sobre o tema apresentado.


O Evangelho precisa nos transformar - A palavra profética tem o poder de acordar os surdos


É tão fácil a gente cair na religião do mito. O tempo todo Jesus já nos alertava sobre o risco aos ídolos, pois a idolatria é um dos principais problemas religiosos no mundo. Esse é um risco que todos nós corremos, quando a nossa admiração por alguém ou por uma pessoa se torna essencial, colocada acima, em termos de importância, d'Aquele a quem anunciamos. Decepcione-se comigo, mas que a sua decepção comigo não seja uma decepção com Aquele a quem eu anuncio.

Temos de viver uma religião que seja capaz de mexer com as estruturas da nossa consciência a ponto de nos fazer acordar para tudo aquilo para o qual nós dormíamos e não sabíamos que existia dentro de nós. Já estávamos inconscientes e acostumados com o nosso jeito ciumento de amar, com nosso jeito ciumento de possuir as pessoas, achando que isso era amor. Muitos de nós já éramos desonestos nas pequenas coisas e já estávamos acostumados com isso também. Até que um dia uma palavra profética varou as estruturas da nossa vida e nos incomodou.

Uma palavra profética tem o poder de acordar os surdos e aqueles que estão dormindo e que já não escutam mais nada, num sono letárgico ou até mesmo num cumprimento de rituais inférteis, que já não servem de nada para a nossa salvação.

É a continuidade da Santa Missa que nos salva, é a história que fica diferente em cada comunhão comungada, em cada mesa partilhada, em cada confissão realizada, é o que se segue a partir daí que nos salva. O sacramento não é a mágica de um momento, mas é a continuidade da vida que vai sendo incorporada, porque o sacramento aconteceu em nós.

É disso que Jesus fala: “Não venha me dizer o que você fazia antes, não me importa o que você fazia. Importa-me o que você era. O que faz diferença para mim é o quanto a minha Palavra conseguiu transformar o seu coração a ponto de transformá-lo numa pessoa melhor”. De você olhar para trás e dizer: “Antes eu era assim, e pela força da Eucaristia, do Evangelho, do terço, eu mudei” – todas as manifestações religiosas que você pode ter e viver. Você percebe que a sua vida não é mais a mesma, porque você mudou o seu jeito de pensar, modificou o seu jeito de ser.

Humanidade é isto: é trazer a luz do Ressuscitado para nós e ver que há muito para ser limpo em nosso interior. O anúncio do Evangelho é para aprendermos que não temos de ficar com as nossas poeiras e impurezas. A religião que Jesus quer de nós é esta: que fixemos os olhos no céu, que busquemos o céu. Religião que só nos mostra a cruz é uma religião infértil, porque eu não sou filho do Calvário; eu sou filho do Ressuscitado! E quem eu anuncio sempre é o Ressuscitado.

Você não pode ficar parado no "calvário da sua vida"; todos nós passamos todos os dias por ele. Você acha que a gente vai ser santo sem sacrifício? A semente passa por todo um processo de crescimento, mas ela sabe que se não deixar de ser o que é, não atingirá seu objetivo.

A dor é o preparo. A sua dor não pode ser em vão. O que você faz com o seu sofrimento? Faz um quadro? Faz música? A genialidade está em transformar a lata velha em ouro. Ou a dor me destrói ou eu a transformo em processo de ressurreição.

Nossa vida é um desafio diário e não há tréguas. É um "lapidar" constante, tirando tudo o que é excesso em nós. Se eu não tivesse sofrido do jeito que sofri, se eu não tivesse amado do jeito que amei, eu não teria nada para contar a vocês.

Não sinta vergonha de nada que você sofreu, porque depois que passou por aquele momento, você sabe o que você sofreu para chegar aonde chegou.


Pe. Fábio de Melo

Convite para subir


A Igreja, logo após a festividade de todos os Santos, dia 1º XI, convida a lembrarmo-nos dos que partiram desta vida e ainda precisam de nossas preces para, purificados, serem introduzidos na visão beatifica de Deus, que chamamos céu.

O dia dos finados não precisa ser comemorado levando flores para ornamentar os túmulos ou acendendo uma vela no jazigo da pessoa que nos é saudosa. É um dia especial de, lembrando os mortos, tomarmos consciência da transitoriedade de nossa vida terrena e de nosso destino eterno.

A comemoração dos que partiram desta vida nos leva à reflexão do desapego, que a maturidade da existência inexoravelmente acarreta. Um dia temos de nos afastar das responsabilidades, dos bens, das amizades, das pessoas que amávamos e que nos amam também. Teremos que partir.

Se o partir para longe já é quase morrer um pouco – “partir c’est mourir um peu” diz o poeta francês – a despedida final dos que amamos causa uma dor tão profunda que só a certeza de uma vida imorredoura nos pode consolar. É o que a liturgia da Igreja lembra para iluminar a fé e despertar a esperança.

Daí a necessidade da pedagogia do desapego no correr dos dias terrenos. Os mais velhos dão lugar aos mais novos. Os que estão à frente de uma empresa, de uma escola, de uma paróquia ou diocese cedem o posto a quem os substitua com mais vigor e mais capacidade. A lei da vida exige a transitoriedade das funções.

A comemoração dos que se despediram da vida terrena necessariamente nos leva a pensar na vida futura, aquela que não tem fim. O coração humano parece adivinhar que a morte não é o fim da existência, mas a passagem para uma vida melhor. A palavra de Deus é que nos dá a certeza de uma vida que não tem fim.

Parece-nos às vezes que a alma humana sente ter asas para subir, buscando espaços mais largos e mais altos, como se fôramos pássaros que amam as alturas...

Lembra-me aqui o inspirado anseio de Tristão de Ataíde: “O que sinto são asas que pedem mais azul, são asas que pedem mais espaço, são asas que pedem mais estrelas.” E remata dizendo: “Sinto que a terra não basta para mim, pássaro do caminho.”

A lembrança dos mortos não pode ser tecida só de saudades. É por certo um convite para subir... Nossas asas nos levam acima das estrelas. O porto de chegada é o coração de Deus.

Por, CNBB

Santos e finados


Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó

Caindo de domingo o dia primeiro de novembro, o calendário religioso acerta o passo com uma antiga tradição. Neste ano será possível celebrar em seqüência o dia de todos os santos, e logo em seguida, o dia dos finados.

Santos e finados fazem parte do quadro de referências que compõem uma cosmovisão que procura integrar os diversos aspectos da realidade e da vida humana, numa tentativa de harmonizar todas as coisas num universo que tenha sentido. E´ o que todas as religiões procuram fazer: buscar o sentido último de todas as coisas.

Independente do mérito objetivo destas duas celebrações, elas fazem parte da visão de conjunto que a fé cristã apresenta, e que é explicitada ao longo de cada ano pelas celebrações tradicionais que compõem o calendário litúrgico da Igreja.

A questão de fundo, em ambas, é a esperança na vida além da morte, interrogação que acompanha fatalmente nossa condição humana de seres mortais, mas capazes de se perguntar pelo sentido de sua existência.

A este respeito, todos têm o direito de expressar suas convicções, e de formular também suas projeções além dos limites de nossa compreensão humana. Mesmo sem lançar mão dos dados oferecidos pela fé, é legítimo o esforço de encontrar suporte racional para a esperança de uma sobrevida. Pois na verdade, o fato de sermos capazes de interrogar a eternidade, já é sinal de que somos feitos para ela.

Mas é interessante observar que a fé cristã não se baseia em garantias racionais para cultivar sua esperança na vida eterna. Ela parte de outro princípio. Ela funda sua esperança na maneira como Deus se revelou. Assim, a vida eterna é uma dedução, uma conseqüência, um corolário, uma derivação de como Deus manifestou o mistério de sua própria existência.

No tempo Jesus havia dois grupos que se opunham frontalmente a respeito da ressurreição. Os fariseus afirmavam convictos que havia. Os saduceus desdenhavam esta fé e se diziam abertamente contrários à ressurreição. Foi a propósito deles que Jesus precisou tomar posição, com a surpreendente resposta dada aos zombadores da vida futura. Jesus não se posicionou diretamente a favor da ressurreição. Jesus encontra o fundamento da ressurreição nas palavras ditas por Deus a Moisés: “eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó”. Daí ele tira a surpreendente conclusão, que serve de fundamento para a fé cristã: “ora, Deus não é um deus de mortos, mas Deus de vivos!”.

Para os cristãos, a vida eterna não é entendida como conseqüência de uma suposta imortalidade de nossa alma. Isto pode servir de suporte. Mas não mora aí a razão de nossa esperança, como São Pedro nos aconselha a buscar sempre. Nossa fé na ressurreição é muito mais consistente do que um simples raciocínio filosófico.

Colocados os fundamentos da fé, é claro que a razão pode perceber neles a coerência interna, que a teologia procura encontrar, como “fides quaerens intellectum”, no dizer de Santo Anselmo.

Se já o Antigo Testamento oferecia base sólida para a fé na ressurreição, muito mais o Novo Testamento, que se constrói todo ele em torno da fé na Ressurreição de Jesus. Depois de citar os fatos que servem de fundamento para o Evangelho, escrevendo aos coríntios, São Paulo tira a conclusão certeira e definitiva: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como podem alguns dizer que não há ressurreição dos mortos?” A fé na ressurreição de Cristo, e em consequência, da nossa ressurreição, é o núcleo aglutinador que harmoniza todo o conjunto da vida humana, com suas certezas presentes, e com sua esperança no futuro.

Celebrando santos e finados, rendemos homenagem ao Deus dos vivos, “pois para ele todos vivem”.


Dom Luiz Demétrio Valentine


Saber Perder


Perder para Ganhar! Acredito ser este o sentido maior que dá ao ser humano a capacidade não só de aceitar, como também de desejar as perdas ao longo da sua vida. Gosto sempre de lembrar o ato do nascimento, momento no qual o bebezinho “perde” o lugar que ocupou durante nove meses ou um pouco menos, para “ganhar” um novo lugar e novas experiências, para ganhar a luz, ganhar a vida. Ao que parece, esta “perda” é desejada com muito prazer, ainda que inconsciente, pois é bem claro que o útero já não lhe servia mais; começava a ficar apertado, com pouco líquido amniótico e o esforço do bebê para sair não é ilusão. Uma visão negativista tende a encarar o nascimento como o primeiro trauma do ser humano, sua primeira perda e o início das suas dores psíquicas. Prefiro aceitar um outro tipo de visão mais existencial, na qual o indivíduo perde para ganhar e este ganho é o que lhe dá sentido e realização plena.

Seria interessante e mais significativo se todas as nossas perdas também fossem desejadas ao invés de temidas... Algumas situações já não nos “cabem” mais; algumas pessoas precisam partir, pois aos olhos do Criador já cumpriram sua missão nesta vida; alguns comportamentos já não se ajustam à consciência; algumas tarefas já não possuem mais sentido (e alguns preferem perder o sentido a perder a tarefa: cuidado!!!).

Ao longo da vida, teremos uma série de outros nascimentos, e nesse processo de crescimento e amadurecimento não podemos deixar de conviver com diversas perdas. O que importa, no entanto, é o sentido que daremos a cada uma delas. A escolha por um sentido é o maior bem que alguém pode conquistar, pois ainda que a vida lhe “roube” o que consistia sua felicidade, dar a esta perda um sentido, é capaz de restituir – é claro que com uma outra face – a felicidade perdida.

Dizia a antiga filosofia grega: “A felicidade consiste em desejar o que se tem”. Existem situações de perda que só nos deixam, a princípio, o sentido a ser construído. E a construção do sentido começa quando se decide por ele, ou seja, quando é assumida a postura de olhar para a frente e seguir dizendo: “o que Deus está querendo me ensinar com essa perda?” Talvez você esteja diante da grande pérola da sua vida e não saiba...

Onde você coloca a maior ênfase da sua história pessoal: nas perdas ou nas conquistas?! Sua vida é marcada por aquilo que você perdeu, ou pelo que ganhou?! Tudo depende de onde colocamos o nosso coração: “Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lc 12,34). O que tem maior valor para você?!

Gosto muito das parábolas do tesouro escondido e da pérola encontrada, pois nos ajudam a refletir sobre o valor que damos a cada coisa. A escolha por um sentido é a escolha por um valor, como nos diz a parábola: “Um homem encontra um tesouro escondido no campo... cheio de alegria, vende tudo o que tem para comprar aquele campo” (Mc 13,44). Um homem encontra um valor, investe todas as suas forças, meios e bens para adquiri-lo, pois este valor dá sentido à sua vida.

Semelhante a essa história, encontramos muitas outras: “Um(a) jovem dá sua vida em serviço ao Reino, perde seu tempo, seus bens, sua família, seu lazer... para ganhar o Reino dos céus”. Ou ainda, “uma mulher perde seu emprego, seus projetos, para ganhar a boa educação dos seus filhos, ou a saúde e alguns anos de vida a mais dos seus pais enfermos”... Enfim, pessoas que aceitaram com alegria perder para ganhar.

Sou levada a crer que a melhor maneira de ser feliz é perder muito! Como é preciso amar muito, sofrer muito, perdoar muito, chorar muito, plantar muito, colher muito... Mas é preciso perder com uma grande e séria alegria íntima, com vontade, com inteligência, e é preciso sempre procurar saber perder, melhor e mais. Isso conduz a Deus, conduz à fé inabalável. Foi esse o segredo da alegria de tantos santos que, chegando ao extremo de perderem a si mesmos, encontraram a FELICIDADE que não lhes podia mais ser perdida ou roubada.

Juliana Lemos

Quem é Deus para você?


"Naquele tempo, Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?”Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro responde: “Tu és o Messias.


Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a respeito. Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”.


Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”." (Mc 8,27-35)


A Palavra de Deus é viva e nos atrai irresistivelmente a si, para que a nossa vida também seja Palavra de Deus.


A pergunta que Jesus faz a Seus discípulos no evangelho de hoje é radical! Todos nós, em um momento ou outro de nossa vida, teremos que respondê-la. Antes, porém, é preciso meditar nos fundamentos da “pergunta” que Ele nos faz... Por que Cristo faz essa pergunta? O “vós quem dizeis que eu sou?” não foi mera especulação por parte de Jesus, muito menos algum tipo de carência ou necessidade de afirmação. Sabemos que entre nós, nas relações humanas, marcadas pelo egoísmo, buscamos com avidez sempre saber o que os outros pensam/dizem de nós e nos preocupamos imensamente com isso. É o que recebe o nome técnico de “capital de relacionamento”. Inseguros e sem saber o que Deus pensa de nós, tentamos achar satisfação e, em última instância, a nossa própria identidade no que os outros pensam e falam de nós. Não é esse, absolutamente, o caso de Jesus, que é Deus e plenamente senhor de si mesmo. Na verdade, se Ele nos questiona, é para revelar-se; se pergunta acerca de um mistério inatingível ao homem, é para que Ele mesmo responda e revele-se ao homem.


Provocado por Jesus e movido pelo Espírito, Pedro responde e, com ele, toda a Igreja de Cristo em todos os tempos: “Tu és o Messias”. Esta resposta, porém, se for apenas coletiva, como uma fórmula que será mecanicamente repetida por todos, fatalmente acabará sendo resposta de ninguém, vazia e sem força. Ela deve ser (e só pode ser) pessoal, resposta que somente eu posso dar, como fruto de uma experiência. Como é pessoal o amor de Deus, também são pessoais essas respostas às “perguntas de Deus” ao longo da vida.


Como foi dito acima, cedo ou tarde serei colocado diante dessa pergunta tão profunda e radical: ”Quem, de verdade, é Jesus para mim?” E a vida dos santos não nos permite enganos: a pergunta virá na vida; quando for preciso re-optar pelo seguimento de Cristo e, mesmo no escuro, trilhar um caminho de volta ao primeiro amor, muitas vezes em momentos de solidão, deserto e silêncio, grandes provações ou tentações. Assim, da mesma forma que a pergunta vem é que eu poderei respondê-la: na vida.


Nas linhas seguintes do evangelho de hoje, Jesus indica como podemos responder a Ele, e o faz mostrando como Ele próprio responderia ao Pai – oferta radical de vida. De fato, toda a vida de Jesus não foi outra coisa senão resposta ao Pai. Lemos claramente em todos os atos de Cristo a revelação de quem era o Pai para Ele e do valor que dava à Sua Santa Vontade. Que outro caminho indicar aos discípulos senão aquele que Ele mesmo percorreria dali a pouco tempo? Indica a via da cruz... e é reprimido por Pedro.


Como a profissão de fé, este “vacilo” de Pedro é também nosso. É o nosso recuo diante da necessidade de crer em Cristo e estar ao Seu lado quando Ele se mostra aparentemente fraco, impotente, talvez contrariando os nossos sonhos românticos sobre Ele, ou mesmo os “sonhos” lícitos, mas ainda não purificados no amor da Vontade do Pai. Recuamos ainda mais bruscamente quando não só Ele se apresenta assim, mas nos deixa entrever que nós também deveremos fazer a mesma coisa, “pôr em pratica a nossa fé”: se creio que o único caminho é o Ressuscitado que passou pela cruz, devo deixar-me crucificar com Ele para, da cruz, colher a ressurreição. É o que a primeira leitura nos apresenta, o perfil do servo sofredor mas, acima de tudo, confiante: “Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas (...) Sim, o Senhor Deus é meu Auxiliador; quem é que me vai condenar?” Esse perfil deve ser também o nosso e, por mais que sejamos próximos de Cristo e façamos parte de Seu círculo de amizade, esse caminho tão estreito de pobreza e esvaziamento por vezes, de alguma forma, ainda nos agride e “põe medo”.


Diante de mais essa “pergunta de Deus”, vem ele mesmo ser a resposta: a Sua Graça... A confiança profunda na Sua Graça! O salmo da liturgia de hoje, belo e profundíssimo, como um óleo suave, nos unge com essa confiança:


Eu amo o Senhor, porque ouve/ o grito da minha oração.


Inclinou para mim seu ouvido,/ no dia em que eu o invoquei. (...) O Senhor é justiça e bondade,/ nosso Deus é amor-compaixão.


(...)Libertou minha vida da morte,/ enxugou de meus lábios o pranto (...).Andarei na presença de Deus,/ junto a ele na terra dos vivos.


Graça e Paz!

Felicidade segundo o Cristo


Jesus levantou o olhar para os seus discípulos e disse-lhes:
“Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus!
Felizes vós que agora passais fome, porque sereis saciados! Felizes vós que agora estais chorando, porque haveis de rir! Felizes sereis quando os homens vos odiarem, expulsarem, insultarem e amaldiçoarem o vosso nome por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, porque será grande a vossa recompensa no céu, pois era assim que os seus antepassados tratavam os profetas. Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós que agora estais fartos, porque passareis fome! Ai de vós que agora estais rindo, porque ficareis de luto e chorareis! Ai de vós quando todos falarem bem de vós, pois era assim que seus antepassados tratavam os falsos profetas. "

O conceito de felicidade de Jesus é completamente diferente do que o mundo prega: Felizes os pobres, os que passam fome, os que choram... porque no céu está o seu prêmio, a sua recompensa.

Não que Jesus queira a pobreza, a fome, a tristeza, Jesus quer a confiança nele, a esperança nele e não em coisas que perecem, que passam. Em outra passagem Ele dirá: “De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua vida?” (cf. Mc 8, 36)
Sim, feliz é quem “põe a sua confiança no Senhor e segue os seus caminhos” (Sl 36, 34). Quantas vezes nos vemos impregnados pelos conceitos de um mundo que nos diz que temos que ter, comprar, gastar para sermos felizes. Precisamos descobrir a alegria simples do Evangelho: a alegria de ser filho de Deus e confiar no seu amor. O próprio Jesus se despojou de tantos privilégios para ser um conosco. Deixemos que o próprio Jesus que se fez pobre nos ensine a verdadeira alegria de ser pobre, que é estar nas mãos de Deus, de depender Dele.

Na verdade, o próprio mundo já mostra que ai daqueles que têm o seu consolo neste mundo. Buscam cada vez mais consolo e acabam caindo num poço sem fundo e nunca se saciam, querem sempre mais e acabam insatisfeitos, deprimidos ou com uma alegria só de fachada. Quem não conhece ou nunca ouviu falar de uma história assim?! Não caiamos neste engano. Sigamos o caminho de Jesus que não é de facilidades, mas de verdadeira felicidade!
Graça e Paz!

O mês da Bíblia


A Palavra de Deus está sempre ao alcance da mão e do coração de quem segue a Deus. E por moção do Espírito Santo, a Palavra vai transformando o coração das pessoas e moldando a comunidade cristã. É claro, supondo um coração aberto, como de discípulo diante do mestre. O profeta Jeremias fez uma experiência profunda: nas mãos de Deus sentiu-se como um vaso de barro nas mãos do oleiro.

As famílias, os grupos e as comunidades que lêem a Bíblia de fato progridem na vivência do Evangelho, em unidade com a vontade de Deus e na comunhão fraterna. A Palavra meditada impulsiona as pessoas a superar o pecado e o azedume, causando certa plenitude espiritual com uma aura de paz e de alegria.

É o encantamento espiritual, a força interior, a capacidade de passar imune pelas tentações que rodeiam as pessoas.

São Francisco de Assis, um dos grandes revolucionários da humanidade, apregoava a vida fraterna em meio ao egoísmo; a vida em Deus, mesmo em meio ao prurido da carne e do consumismo; a alegre adesão à vontade de Deus, vencendo o orgulho e a sede do poder. Quando se chega a uma fraternidade assim, logo se capta o perfume do Evangelho.

Por pedagogia, destinamos o mês de setembro a conhecer a Bíblia. Aliás, primeiro a ter a Bíblia em casa. Depois, a lê-la diariamente. Aprender a meditá-la diante de Deus, num coração orante.
A família aprende a acolher de modo afável seus membros: os pais se relacionam de modo afetivo com os filhos, como Deus, com seu povo. Os filhos, por sua vez, acolhem os pais de modo pacífico, criando um ambiente sereno e alegre. É o encantamento da família.

É neste ambiente que germinam as vocações cristãs, que se alimentam ideais generosos e se superam obstáculos à felicidade.

Seja feliz! Conheça, leia e medite a Palavra de Deus.
Graça e paz!

A vocação nasce do encontro- o chamado é iniciativa de Deus



Por que Saulo (Paulo) perseguia a Igreja? Pergunta que nos interroga, sensibiliza e abre uma grande lacuna. Por que Deus escolheu um perseguidor? Tanta gente boa. Mas vamos conhecer primeiro Saulo para podermos entender o porquê da pergunta. Saulo, natural de Tarso da Cilícia, filho da tribo de Benjamim, a mesma do rei David, era filho de comerciantes ricos, cidadão romano, ligado à seita dos fariseus, aluno do glorioso rabino Gamaliel, zeloso defensor da Torá. Ele era fariseu, filho de fariseu.

Israelita orgulhoso, alma de fogo e coração íntegro, ainda jovem, era conhecido apenas por seu nome judeu de Saulo. Impulsionado pelo entusiasmo impetuoso da mocidade; abrasado em ânsias de proselitismo próprio do judeu, julgou que tinha missão religiosa para cumprir: combater o Cristianismo até destruí-lo. Por considerá-lo uma traição ao Judaísmo, perseguia os seguidores de Cristo porque eles tinham abandonado a lei mosaica para seguir um tal de Jesus, sobre o qual um monte de fanáticos cristãos pregavam e diziam ter ressuscitado dos mortos .

Ele, como um bom judeu, intelectual e fiel à lei, precisava fazer alguma coisa para acabar com aqueles que estavam destruindo o Judaísmo. Quando Paulo se dirigia pelo caminho a Damasco, seu coração estava cheio de agressividade contra os cristãos, não porque fosse um homem mau, mas por ser fiel às tradições nas quais havia sido formado. Estava cheio de agressividade, pois se sentia ameaçado por esta nova fé que se opunha às suas tradições mais caras nas quais fora ensinado. Era pelo amor de Deus que perseguia os inovadores.

Um belo exemplo de experiência de Deus é a do Apóstolo Paulo. O que lhe acontece no caminho de Damasco foi certamente uma experiência de ponta, marcante e indelével. Esse foi um momento muito importante em sua vida. Mas ele esteve certamente também intensamente unido ao Cristo durante todos os anos seguintes de sua vida e não apenas nesse momento particular.

Essa experiência era para Paulo, unicamente para ele. Naquele momento Jesus o queria, o Senhor se apossa da vida dele, mas sem lhe tirar a liberdade. Então ele passa a pertencer unicamente a seu Senhor, pelo qual foi convocado. Agora sua vida se resume na obediência ao seu Senhor.

Deus foi absolutamente livre no chamado de Paulo, nada foi lhe imposto, sendo ele livre para dar uma resposta responsável a Altíssimo. O Senhor, quando o chamou, pôs em seu coração a capacidade de resposta, não o amarrou, nem o obrigou a nad, mas lhe deu condições de decidir e corresponder ao dom recebido. O Senhor abriu-se a Paulo em uma condição de diálogo, algo pessoal e íntimo.

O apóstolo dos gentios passou por uma transformação histórica e interior, tornou-se uma nova criatura porque Deus lhe concedeu o dom da fé e da esperança. Por intermédio de Cristo, ele recebeu de Deus a vida nova.

O chamado é uma pura iniciativa de Deus. O Senhor quando vocaciona alguém já tem um projeto para a vida de quem responde o ''sim'', não como uma predestinação, mas como uma resposta de amor. Ninguém veio do ocaso, nem para ficar solto no mundo, todos viemos para livremente dar uma resposta ao projeto de Deus único e irrepetível. Dizer “sim” é tornar-se um canal de graça para os outros e para o mundo. Neste sentido nós participamos do plano do Pai.

O seguimento a Deus é apenas uma "gratidão" espiritual. Acima de tudo foi Ele quem possibilitou ao homem participar da existência que pertence somente a Ele.
Seguir ao Senhor deve ser a expressão máxima da alegria de todo ser humano; deve exalar o perfume de Cristo. Toda vocação deve tornar-se atraente, deve provocar nas pessoas um encontro com Deus, transformar o mundo, os corações.

Por isso, uma vez vivendo e experimentando o amor vocacional, o chamado de Deus não deve ser vivido de forma frustrante deixando a vocação tornar-se velha; esta deve ser sempre nova, apresentar a cada dia a novidade do Espírito Santo. Os outros precisam ficar fascinados com o efeito da graça na vida de quem é consagrado ao Senhor. É preciso comunicar a vida para os homens que somente Cristo pode dar.

Pe. Reinaldo Cazumbá

Dom de um pai e uma mãe para as crianças

”Filho, por que nos trataste assim? Vê que teu pai e eu te buscávamos angustiados”. Nestas palavras de Maria vemos mencionados os três componentes essenciais de uma família: o pai, a mãe e o filho. Não podemos falar da família sem tocar no problema que neste momento mais agita a sociedade e preocupa a Igreja: os debates parlamentares sobre o reconhecimento das uniões de fato.

Não se pode impedir que o Estado busque dar resposta a situações novas presentes na sociedade, reconhecendo alguns direitos civis a pessoas também do mesmo sexo que decidiram viver juntas suas próprias vidas. O que importa à Igreja – e deveria importar a todas as pessoas interessadas no bem futuro da sociedade – é que isto não se traduza em um enfraquecimento da instituição familiar, já muito ameaçada na cultura moderna.

Sabe-se que a forma mais efetiva de destruir uma realidade ou uma palavra é a de dilatá-la e banalizá-la, fazendo que abrace coisas diferentes e entre si contraditórias. Isto ocorre se equipara a união homossexual ao matrimônio entre homem e mulher. O sentido próprio da palavra “matrimônio” – do latim, função da mãe (matris) – revela a insensatez de tal projeto.

Não se vê, sobretudo, o motivo desta equiparação, podendo-se salvaguardar os direitos civis em questão também de outras maneiras. Não vejo porque isto deverá soar como um limite e ofensa à dignidade das pessoas homossexuais, a quem todos sentimos o dever de respeitar e amar, e de quem, em alguns casos, conheço pessoalmente sua retidão e sofrimento.

O que estamos dizendo vale com maior razão para o problema da adoção de crianças por parte de casais homossexuais. A adoção por parte destas é inaceitável porque é uma adoção em exclusivo benefício dos adotantes, não da criança, que bem poderia ser adotada por casais normais de pai e mãe. Há muitos que esperam fazê-lo há anos.

As mulheres homossexuais também têm, se faz observar, o instinto da maternidade e desejam satisfazê-lo adotando uma criança; os homens homossexuais experimentam a necessidade de ver crescer uma jovem vida junta a eles e querem satisfazê-la adotando uma criança. Mas, que atenção se presta às necessidades e aos sentimentos da criança nesses casos? Ela vai se encontrar com quem tem duas mães ou dois pais – no lugar de um pai e uma mãe –, com todas as complicações psicológicas e de identidade que isso comporta, dentro e fora de casa. Como viverá a criança, no colégio, esta situação que lhe faz tão diferente de seus companheiros?

A adoção é transtornada em seu significado mais profundo: já não é dar algo, mas buscar algo. O verdadeiro amor, diz Paulo, “não busca o próprio interesse”. É verdade que também as adoções normais os progenitores adotantes buscam, às vezes, seu bem: ter alguém em quem voltar seu amor recíproco, um herdeiro de seus esforços. Mas neste caso o bem dos adotantes coincide com o bem do adotado, não se opõe a ele. Dar em adoção uma criança a um casal homossexual, quando seria possível entregá-lo a um casal de pais normais, não é, objetivamente falando, fazer seu bem, mas seu mal.

Esta passagem do Evangelho termina com uma cena de vida familiar que permite entrever toda a vida de Jesus desde os doze aos trinta anos: “Ele desceu com eles a Nazaré e seguiu sob sua autoridade. Sua mãe ia guardando todas estas coisas em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e os homens”. Que a Virgem obtenha a todas as crianças do mundo o dom de poder, também eles, crescer em idade e graça rodeadas do afeto de um pai e de uma mãe.


- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - por Frei Raniero Cantalamessa - ofmcap, Pregador do Vaticano Revista Shalom Maná

Namoro Cristão


Eu... Você... De repente, nós


Se existe algo que mexe como coração de um jovem que começa a descobrir a sua afetividade e a sua sexualidade, é o desejo de namorar. Cantada em verso e prosa, esta fase da vida faz parte do desenvolvimento humano e do plano de Deus para nos fazer crescer e amadurecer no relacionamento, sendo também um caminho (embora não o único, nem o maior) de exercitar a capacidade de amar.
Entretanto, para um jovem cristão, muitas interrogações se levantam: Por que namorar? Quando namorar? Como ter um namoro cristão?

PORQUE NAMORAR

Em primeiro lugar, é importante saber que o desejo de relacionar-se com o sexo oposto é algo natural e implica na forma como Deus nos criou. Deus criou o homem, criou o homem e a mulher.
A partir de um certo momento do desenvolvimento humano, sente-se a necessidade e a sadia curiosidade de relacionar-se com o sexo oposto, de descobrir parte da riqueza, da diversidade da obra criativa de Deus, uma outra pessoa que não é igual a mim, mas que em muitos pontos chega a me complementar. Neste ponto, o relacionamento com pessoas do outro sexo é enriquecedor e fonte de formação e edificação do meu crescimento como pessoa.

Entretanto, o que é belo e edificante pode-se transformar em situações que nem sempre nos edificarão ou contribuirão para o nosso crescimento. Devemos levar em conta que estamos vivendo em meio a uma sociedade hedonista, marcada pela sensualidade. A partir dos meios de comunicação, as próprias crianças, adolescentes e jovens vão sendo manipulados nos seus afetos e instintos para que, de maneira precoce e deformada, vejam na pessoa do outro sexo um objeto de prazer genitalista ou um meio de satisfação de suas carências afetivas.

Isto é fruto do pecado que marcou as faculdades do nosso ser e também das feridas de família, onde a fé e o desenvolvimento dos valores cristãos foram abandonados e a unidade e indissolubilidade do matrimônio e da família, na vivência do amor, são negligenciadas ou até atingidas de maneira irremediável, produzindo no meio de nós gerações marcadas pela dor, insegurança, desvios afetivos, psicológicos e sociais.

Por estes e muitos outros fatores, quando o (a) adolescente vai atingindo sua puberdade (e muitas vezes ainda como criança), a sociedade e, em muitos casos, a própria família, começam a exigir que este (a) jovem "arranje" seu namorado (a) para provar sua masculinidade ou feminilidade.

É preciso que entendamos que o processo natural e salutar de conhecimento do sexo oposto como pessoa não implica necessariamente em um relacionamento de namoro, quando, pelo contrário, a amizade é o passo fundamental e sadio onde, pelo diálogo e a convivência, vamos podendo construir mutua¬mente a nossa personalidade de maneira sadia e equilibrada. Muitos jovens cristãos, como muitos que encontramos, se perguntam: Qual é a hora de iniciarmos o namoro?

Em primeiro lugar, é necessário que alguns tabus possam ser quebrados. Isto não significa que todas as pessoas tenham que namorar. Precisamos nos lembrar neste momento das Palavras de Jesus que dizem: "Há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem tiver capacidade para compreender que compreenda." (Mt 19,2)

Devemos nos lembrar que há muitos são chamados para a virgindade como uma oblação espiritual e um serviço à Igreja e aos homens, e nisto encontram sua plena realização. Alguns, muito cedo podem descobrir este chamado no seu interior e, apesar de como pessoa experimentarem a complementariedade do sexo oposto na convivência comum e fraterna, não viverão esta complementariedade no plano da afetividade-genitalidade, próprio dos que são chamados ao Sacramento do Matrimônio.

Alguns passam por relacionamentos de namoro antes de descobrir este sublime chamado, outros não precisam passar por esta etapa, pois a vocação já se faz manifesta no seu interior de maneira definida.

Para isso é necessário que o jovem cristão tenha sempre no seu interior este questionamento: - Qual é a vocação que Deus me chama a viver? – e uma reta e séria motivação de responde-la. Sabemos que isso, para muitos, se constitui em um longo processo, onde graças a Deus vai iluminado, tirando a cegueira e apontando onde encontrar e aderir à sua vontade, pois aí está a felicidade.

Entrando no processo de namoro propriamente dito, falando para os jovens que acompanhamos, procuramos orientá-lo em algumas etapas para este discernimento:

A amizade .

A amizade entre sexos opostos é benéfica e edificante. A amizade se constitui em uma identificação que, se baseada em Cristo Jesus e nos valores do Evangelho, caracterizando-se pela doação de si e respeito mútuo, muito contribuirá para o nosso amadurecimento e crescimento. Atenção, nem toda amizade precisa desembocar em um namoro. Pelo contrário, é perigoso confundir as coisas.

As vezes a pessoa atrai fisicamente e afetivamente, mas isto não significa que seja da vontade de Deus e edificante para os dois um relacionamento mais profundo pelo namoro. Podemos acabar uma bela amizade se precipitarmos as coisas. É compreensível também que em um relacionamento entre um rapaz e uma moça que são atraentes, possam aparecer desejos e aspirações mais superficiais que, de uma maneira geral, pode jogar esses jovens em um relacionamento sem maiores bases. Ora, o aparecimento destes sentimentos só atestam a normalidade da afetividade e sexualidade de ambos e não deve ser ele, principalmente nos primeiros momentos, o ponto de discernimento de um compromisso de namoro.

Para evitar namoros precipitados (baseados só na atração física, carências ou sentimentos efêmeros), que fazem alguns mudarem de namoro como se troca de roupa e que, em vez de gerar crescimento, pode gerar tantas feridas, dores e marcas na pessoa e nos futuros relacionamentos, é preciso que se tenhamos um relacionamento de amizade. O momento é de aprofundar o conhecimento do outro e procurar ir à luz da oração e da convivência buscando alguns pontos de discernimentos.


Pontos de discernimento no plano psicológico:

Enquadramos aqui alguns pontos na maturidade humana e na identificação dos projetos e planos de vida, inclinações, aspirações, gostos, formação e educação que cada um teve e que não podem ser ignoradas, sob o risco de serem fonte de profundos desgastes e verdadeiros furos que farão naufragar o relacionamento. Não se trata de que o outro seja igual a mim, mas que se nestes pontos podemos nos completar, aceitar e nos construir mutuamente, e se há maturidade em ambos para isto.

Pontos de discernimento no plano espiritual:

Se queremos nos relacionar em Deus e com Deus, este plano não pode ser esquecido. É necessário, na convivência, perceber as aspirações espirituais e se o outro está disposto a colocar Deus como o centro de um relacionamento, para que o relacionamento não seja nada de egoísta, para a "minha", ou "nossa" satisfação, mas para que ele, apoiado na Graça de Deus, seja voltado para Jesus, seguindo os Seus ensinamentos de renúncia, pureza e abertura. Conhecer a espiritualidade do outro, suas aspirações de conduta moral e de compromisso com a Igreja é fundamental para evitar conflitos futuros, ou namoros onde Deus e sua Palavra estejam ausentes.

Pontos para discernimento no plano afetivo:

A afeição em um relacionamento afetivo é o primeiro passo, mas com certeza não se constitui em sinal de presença real de uma semente de amor. Se o que me faz afeiçoar-me ao outro é só sua aparência física, isto tem sua importância, mas não é tudo.

As aparências passam e o coração, mentalidade e forma de ser permanecem. É preciso descobrir se o sentimento que me move tem a maturidade de ENXERGAR e ACEITAR os limites, defeitos e fragilidades do outro. Pondo na balança o que pesa mais, é o que nos une ou o que nos divide? Neste momento, um certo realismo é salutar, para que a paixão não cegue, e evitemos dar um passo que depois vai nos ferir e ferir ao outro.

Também convém ter a sensibilidade para perceber se eu ou o outro estamos buscando um relacionamento para "minha" satisfação, fechado sobre nós mesmos e a nossa "fantasia romântica" ou se o relacionamento, mesmo com o tempero de romance, é voltado para Deus, para o outro e para as outras pessoas, numa perspectiva de abertura.

Permeando todas estas considerações e orientações, devemos encontrar a oração. É através dela, que a graça de Deus vai purificar as nossas motivações, iluminar a nossa cegueira, fazer-nos entender o que só humanamente não nos é possível, e perceber os reais sinais do Espírito que nos move ou nos detém para um relacionamento que, se quer ser cristão, deve buscar, em todos os sentidos, a maior glória de Deus.

A ajuda de uma pessoa mais amadurecida e vivida no campo espiritual e humano se constitui em ajuda indispensável para chegarmos a um discernimento claro e uma decisão conjunta e madura em nos comprometer em um relacionamento de namoro.

O Namoro

Uma vez sedimentado no nosso interior o processo de discernimento (que exige tempo, pois não se resume a dias ou poucas semanas, mas a alguns meses de convivência e oração) e chegando a um discernimento positivo em relação ao namoro, alguns pontos não podem ser esquecidos:

A amizade


O namoro é, antes de tudo, uma amizade que se aprofunda e sedimenta uma caminhada a dois. É essencial que o tempo que os namorados passam juntos seja animado pelo diálogo e a abertura do seu ser que se deixa conhecer e revelar. Muitos namorados não sabem conversar e fogem em carícias, desagradáveis a Deus e destruidoras do relacionamento. O esforço do diálogo, conversar assuntos que unem e saber também conversar as divergências; revelar-se para o outro através da arte do diálogo é fonte de relacionamentos saudáveis e maduros.

A oração


A presença de Jesus dentro de um namoro cristão não pode ser decorativa ou em plano inferior. Ele tem que ser o primeiro para dar fertilidade ao relacionamento. Por isto, é necessário dar tempo e espaço para a oração, partilhar de experiências da vida espiritual, de leitura espiritual. É importante que se saiba que se tem a responsabilidade de levar o outro para Deus e para a Igreja, e não ser um obstáculo para a comunhão com Deus e o serviço na Igreja. A oração e os sacramentos serão também a fonte da graça para permanecer sob as orientações da Palavra e da Igreja, e nos capacitará a crescer na escola do verdadeiro amor, que é aquele que ama apesar dos defeitos e limites do outro.

A abertura


Os namorados cristãos não podem estar somente voltados para si mesmos, como se só o outro existisse, ou que este relacionamento, se não for o único, torne os outros opacos e insignificantes.

Os namorados cristãos sabem fugir do risco da dependência, que sempre é sinal de carência e não de verdadeiro amor, e se aplicam na abertura, amizade e dedicação aos outros (amigos, família), que também são fontes de complemento para a nossa vida, e esta abertura toma-se fonte de enriquecimento do próprio namoro.


Os carinhos


Especial cuidado devemos ter neste campo, pois, muitas vezes, mesmo em namoros cristãos, constatamos cenas de carícias que levam a estados de profunda excitação emocional e orgânica que, seguindo o modelo do mundo considera-se normal, quando na verdade estes atos são apropriados para a preparação do ato conjugal dentro do matrimônio.

O não se deter no físico, e o traçar limites bem definidos e claros para os dois, buscando a pureza e evitando o puritanismo, é ponto básico e que muito necessita da graça para não se deixar levar pelas "facilidades" mútuas, que o sensualismo deste mundo e a concupiscência da carne plantaram em nós.

Nós precisamos construir um Mundo Novo, baseado na Boa Nova de Jesus e da Sua Igreja. Entretanto, não haverá Mundo Novo se não houver Famílias Novas. Não haverá Famílias Novas se não houver Namoros Novos, baseados na graça e no poder do Espírito.

Se meditarmos nestas orientações, sentiremos que são superiores à nossa capacidade. Lembre-se de que “o Verbo se fez carne”, por isto a graça penetrou em todas as realidades da vida humana, e Pentecostes é a certeza de que o Espírito nos capacita a dar nosso sim integral a Deus.

Graça e Paz!

O Coração do padre


Aconteceu neste inverno: um jovem foi de madrugada visitar a namorada. Como o termômetro marcava seis (6) graus negativos; observei: jovem, você estraga sua saúde, pois é frio demais para ir de moto às montanhas. E o jovem: “Esta frio aí fora, mas aqui dentro (batendo no peito) está calor”!



Lembrei-me da reação dos discípulos de Emaús, com os quais Jesus ressuscitado caminhou e partiu o pão: “Não se abrasava nosso coração enquanto nos falava pelo caminho e nos explicava a Escritura”? (Lc 24,32).



Acompanhei muitos jovens no discernimento vocacional. Entre dúvidas e preces, de repente chega a opção: “Aqui estou, Senhor”. E tranqüilamente se prostra diante do altar, disponível para o ministério, participando do sacerdócio de Cristo. Será que é isto que o Cura d’Ars queria dizer quando afirmou: “O sacerdócio é o amor do coração de Jesus”?



O salmista exprime a mesma realidade interior assim: “O Senhor é a porção da minha herança... minha herança é magnífica” (Sl 16, 5-6).



O Apóstolo Paulo lembra ao jovem Timóteo que não basta optar, mas é preciso estar vigilante: “Não descuides teu carisma pessoal, que te foi concedido por indicação profética, quando os anciãos te impunham as mãos”. E continua: “Vigia tua pessoa e teu ensinamento e sê constante” (1Tim 4,14-16).



O padre está a serviço do povo, a exemplo de Cristo, pastor do rebanho. Certo dia vi a cena seguinte: Uma jovem senhora visitava com freqüência um seminarista inteligente e cheio de saúde. Ela insistiu que um homem precisa de esposa e filhos. O moço escancarou a janela do quarto, apontou para as vilas pobres perto do seminário e disse: “Eis minha esposa e meus filhos”.



Quando o coração se abrasa de amor por Deus e pelo povo, o padre perde o medo e joga sua vida pela causa. De fora pode parecer imprudência. Mas é ardor destemido, fruto do amor. Conheci esta intrepidez no jovem Padre Josimo, abatido covardemente na região do Tocantins, porque apoiava o direito dos despossuídos à terra. Assim também vejo o heróico Padre Gisley, empenhado em denunciar o assassinato de milhares de jovens. Foi emboscado e morto na periferia de Brasília. Bem disse Paulo a Timóteo: “O espírito que Deus nos deu não é de covardia, mas de força, amor e sobriedade” (2Tim 1,7).



Escutei um padre falar às lideranças: “Hoje um padre não sustenta sua vida de consagrado sem a amizade dos paroquianos”. Portanto, haja apoio humano e oração pelos padres. Parabéns aos padres pelo Dia do Padre.

Dom Aloísio Sinésio Bohn

Sede misericordiosos como o vosso Pai é Misericordioso


“Não te prendas às suspeitas nem às pessoas que te levam a te escandalizares com certas coisas. Porque aqueles que, de uma forma ou de outra, se escandalizam com as coisas que lhes acontecem, quer as tenham querido quer não, ignoram o caminho da paz que, pelo amor, leva ao conhecimento de Deus os que dela se enamoram.Não tem ainda o perfeito amor aquele que é ainda afetado pelo temperamento dos outros, que, por exemplo, ama uns e detesta outros, ou que umas vezes ama e outras detesta a mesma pessoa pelas mesmas razões. O perfeito amor não despedaça a única e mesma natureza dos homens só porque eles têm temperamentos diferentes mas, tendo em consideração essa natureza, ama de igual forma todos os homens. Ama os virtuosos como amigos e os maus, embora sejam inimigos, fazendo-lhes bem, suportando-os com paciência, aceitando o que vem deles, não tomando em consideração a malícia, chegando mesmo a sofrer por eles em se oferecendo uma ocasião. Assim, fará deles amigos, se tal for possível. Pelo menos, será fiel a si mesmo; mostra sempre os seus frutos a todos os homens, de igual modo. O Nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, mostrando o amor que tem por nós, sofreu pela humanidade inteira e deu a esperança da ressurreição a todos de igual forma, embora cada um, com as suas obras, atraia sobre si a glória ou o castigo”.


S. Máximo, o Confessor, Monge e teólogoCentúria 1 sobre o amor, na Filocalia



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Viver o cotidiano buscando a santidade


O psicólogo espanhol Enrique Rojas, em sua obra “O Homem Moderno – A Luta Contra o Vazio” (Editora Mandarim, 1996), diz que no final do século, se veria a sociedade do bem-estar no Ocidente, “sociedade, em certa medida, doente que emerge o homem moderno ou light, um sujeito cuja bandeira é uma tetralogia niilista: hedonismo-consumismo-permissividade-relatividade. Tudo é custurado pelo materialismo” (in Prólogo, pág. 11).

Contrapondo ao “homem light”, ele nos apresenta o “homem sólido”, ou seja, o homem que vai na direção do bem, que está repleto de amor, isto é, o homem que vai na direção daquilo que sacia a profunda sede do infinito que todos trazemos dentro de nós (pág. 32). Esta afirmação do grande psicólogo é uma verdade já constatada por Santo Agostinho: “nosso coração está inquieto, enquanto não descansa em Deus”.

Pois bem, viver o cotidiano em busca da santidade, nada mais é do que encontrar aquele relacionamento com Deus, que aquieta e silencia todo niilismo que nosso mundo nos oferece. Temos da santidade uma idéia muito negativa, parecendo que santo é aquele que se priva de tudo e tem uma vida triste e desconsolada. Todavia, todo ser humano, criado à imagem de Deus, como diz a Bíblia Sagrada, traz em si a sede do infinito, que somente o infinito, Deus, pode lhe saciar.

Jesus Cristo, no Sermão da Montanha, no capitulo 5º do Evangelho de São Mateus, apresenta à multidão que o ouvia o caminho da santidade e da alegria de viver, ao proclamar as bem-aventuranças: pobreza de espírito, consolação dos aflitos, mansidão, misericórdia, pureza de coração, propagadores da paz, sofrimento em prol do reino de Deus, perseguição e injúrias pelo nome de Jesus. Todavia, para trilhar esse caminho, é necessário ter o coração em Deus e utilizar os critérios de Deus, “encontrar um tesouro”; não julgar, perdoar e amar aqueles que nos perseguem. No dizer o Mestre de Nazaré, viver, enfim o amor.

São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios traz as seguintes características do amor cristão: “O amor é paciente, o amor é benigno; não é invejoso, não se vangloria, não se inflama de orgulho, nada faz de inconveniente, não procura o próprio interesse, não se irrita, não leva em conta as injustiças sofridas, não se alegra com a injustiça, mas congratula-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”(Capítulo 13, 4-8).

A santificação pela vivência do cotidiano passa, pois, pela vereda das bem-aventuranças, pela prática do amor cristão, que nada mais é do que a descoberta do reino de Deus, tesouro escondido, pérola preciosa, que nos faz empenhar todo nosso esforço, quando os encontramos. Aquele que descobriu as chaves do reino, não julga ninguém, nem pela aparência presente, nem pelo passado, enfim, não faz pré-julgamento, mas congratula-se com a verdade, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera do ser humano.

Isto é viver o cotidiano em busca da santidade.


Dom Eurico dos Santos Veloso

Tesouros escondidos-Deus não priva ninquém dos tesouros de uma amizade




Diz a Palavra de Deus que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro (Eclo 6,14b). Como tesouro que são, os amigos, muitas vezes, estão escondidos pela nossa vida, por isso é preciso um olhar atento de criança para encontrá-los. Deus até poderia deixar essas pessoas bem aos nossos olhos, mas Ele nos desafia a lutar para encontrá-los e perceber o valor que possuem com a alegria da descoberta.

Tesouros são sempre tesouros. Não importa onde estão guardados, eles trazem em si a surpresa de suas riquezas incontáveis. Muitas vezes não estão em baús bonitos ou em lugares de fácil acesso, por isso vão sempre exigir de nós algum sacrifício pessoal para chegar até eles. Mas quando se os alcança, quando nos deixamos conduzir pela santa curiosidade que nos leva a querer desvendar o mistério escondido, não há nada que possa se comparar à tamanha alegria.

Deus não priva ninguém dos tesouros de uma amizade. O que acontece, muitas vezes, é que o tesouro está ao nosso lado por tanto tempo, mas não nos aproximamos, não queremos abri-lo. Esperamos baús reluzentes que atraiam as nossa expectativas, sem nos lembrarmos de que Deus sempre esconde o melhor naquilo que é mais simples.


Como é maravilhoso ter a certeza no coração de que você encontrou um tesouro e que, conduzido pelo Espírito de Deus, deixou-se atrair por aquilo que as pessoas não viam. No entanto, agora tem a linda missão de conhecer todas as grandes riquezas que sempre esperaram que alguém as encontrassem.


Essa é a experiência que eu faço hoje. Encontrei um grande amigo que, na simplicidade do seu coração, traz grandes riquezas que estavam prontas para serem descobertas, mas que as pessoas por tanto tempo não viram. Agora eu tenho a linda missão de não apenas me aprofundar nesse tesouro, mas mostrar aos que não viram antes o que eles ainda são capazes de encontrar.

Amigos são tesouros que ao encontrarmos queremos levar muitos outros a conhecer suas riquezas. Não são nossos, mas Deus nos permitiu encontrá-los para levar outros a experimentarem a grande riqueza dos seus corações. Essa é a missão de um verdadeiro amigo


Renan Félix
Canção Nova

Revelado plano de Hitler para matar Pio XII


Hitler queria sequestrar ou matar Pio XII, segundo confirmam novos testemunhos históricos revelados nesta terça-feira.
Dados sobre este objetivo já haviam sido oferecidos no passado. Em 1972, havia falado dele o general da SS, Karl Wolf, ao referir detalhes sobre um encontro que teve com o Papa Eugenio Pacelli no dia 10 de maio de 1944. No entanto, é a primeira vez que se recolhem detalhes concretos sobre o plano de eliminação do pontífice.
Nesta terça-feira, o jornal italiano Avvenire publicou um testemunho histórico que confirma o plano organizado contra o Papa pelo Reichssicherheitsamt (quartel general para a segurança do Reich) de Berlim, depois de 25 de julho de 1943.
O jornal cita uma fonte direta e testemunhal, Niki Freytag von Loringhoven, de 72 anos, residente em Munique, filho de Wessel Freytag von Loringhoven, quem então era coronel do Alto Comando Alemão das Forças Armadas (Oberkommando der Wehrmacht, OKW), e depois participaria de um falido golpe contra Hitler.
Segundo Freytag von Loringhoven, nos dias 29 e 30 de julho de 1943, houve em Veneza um encontro secreto para informar ao chefe de contraespionagem italiano, o general Cesare Amè, da intenção do Führer de punir os italianos pela prisão Mussolini, com o sequestro ou o assassinato de Pio XII e do rei da Itália.
No encontro participaram o chefe de Ausland-Abwehr (contraespionagem), o almirante Wilhelm Canaris, e dois coronéis da seção II para a sabotagem, Erwin von Lahousen e precisamente Wessel Freytag von Loringhoven.
Segundo Avvenire, este testemunho concorda com a deposição de Erwin von Lahousen no processo de Nurembergue de 1º de fevereiro de 1946 (Warnreise Testimony 1330-1430), no qual inclusive revela a reação de Freytag von Loringhoven ao conhecer o plano de Hitler: “É uma autêntica covardia!”.
O chefe de contraespionagem italiano, Amè, segundo este testemunho histórico, ao voltar a Roma após conhecer as intenções de Hitler em Veneza, divulgou a notícia dos planos contra o Papa para bloqueá-los. Estas notícias chegaram ao embaixador da Alemanha na Santa Sé, Ernst von Weisäcker, quem as recolhe em seu livro Erinnerungen (“Lembranças”), de 1950.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - por Agência Zênit

Nossa Senhora do Carmo


Durante o ano litúrgico, a Igreja celebra muitas datas em honra a Maria Santíssima, Mãe de Deus. Com este singular título “Mãe de Deus”, temos o direito de festejá-la pelo honroso privilégio de virginalmente ter dado ao Verbo divino a natureza humana. Por isto nunca nos cansamos de repetir-Lhe a palavra de saudação do Anjo, como nos refere o Evangelho de Lucas (1, 28) “Ave, cheia de graça”.
Temos razão, sem dúvida, de saudá-la como virgem e mãe, assim agraciada singularmente por Deus. O Papa São Leão Magno, num belíssimo sermão, lembra que a Deus, que dera a fecundidade a uma anciã, mãe de João Batista, não se Lhe pode negar tenha dado o dom da maternidade a uma virgem.
A festa de Nossa Senhora do Carmo hoje quer recordar o que a tradição nos transmite: que São Simão Stock recebeu em 1251 das mãos de Maria Santíssima o escapulário no Monte Carmelo. Neste local se ergueu uma capela sobre as ruínas de uma capela anterior. Só bem mais tarde, em 1728, é que esta comemoração festiva foi incluída no calendário da Igreja.
Na oração da Missa desta festa, pedimos ao Senhor que, por intercessão de sua Mãe, nos dê a graça de subir o monte que é Cristo, isto é, subir aos páramos da contemplação, onde, distantes dos estrépitos e do tropel do mundo, possamos sentir aquela alegria suave do encontro amoroso com Deus, que nos leve a repetir a exclamação de Pedro: “É bom estarmos aqui” (Mt 17, 4).
A vida diária da criatura humana, mesmo dos mais afortunados, é entrelaçada de preocupações, dificuldades e tristezas. Para o cristão, homem de fé, que se ilumina sempre pela luz da palavra do Evangelho e se fortalece da esperança – porque Deus não falha – as festas religiosas, como a de hoje, trazem um raio de luz e uma nova força. Faz-nos confiar na certeza de que Deus é Pai e não nos abandona.
A presença solícita de Maria, Mãe de Jesus, vela sobre os filhos de Deus e assim nos dá a certeza de sua solicitude materna junto de seu Filho.
Colocamos-nos hoje sob o olhar materno da Senhora do Carmo, cuja proteção nos leva para mais perto do seu Filho Cristo Jesus.

Oração de Abandono


“Meu Pai, eu me abandono a Ti,
faz de mim tudo o que quiseres.
O que fizeres de mim eu Te agradeço.
Estou disposto a tudo, aceito tudo.
Contanto que a Tua Santa Vontade
se faça em mim como também se
faça em todas as Tuas criaturas.
Eu não desejo mais, Deus meu.
Ponho minha vida em Tuas Mãos.
Te dou minha vida hoje, Deus meu,
com todo o amor de meu coração,
porque Te amo e porque para mim,
amar-Te é dar-me por inteiro, é
entregar-me,em Tuas Mãos sem
medida, com infinita confiança.
Porque Tu és o meu Pai Amado.”

Charles de Foucauld

O Santo Espírito nos une a Cristo


“É necessário seguir Cristo, é necessário aderir a Ele, não O devemos abandonar até à morte.

Como dizia Eliseu ao seu mestre: «Pelo Deus vivo e pela tua vida, juro que não te deixarei» (2R 2,2). Então, sigamos Cristo e unamo-nos a Ele! «A felicidade é estar perto de Deus» diz o salmista (Sl 72,28). «A minha alma está unida a Ti, a Tua mão direita me sustenta» (Sl 62,9). E São Paulo acrescenta: «Quem se une ao Senhor, forma com Ele um só espírito» (1Cor 6,17). Não apenas um só corpo, mas também um só espírito.

Do Espírito de Cristo, todo o seu corpo vive; pelo corpo de Cristo, chegamos ao Espírito de Cristo. Por conseguinte, permanece pela fé no corpo Cristo e um dia serás um só espírito com Ele. Pela fé, estás desde já unido ao seu Corpo; pela visão, também serás unido ao seu Espírito. Não é que no alto vejamos sem o corpo, mas os nossos corpos serão espirituais (1Cor 15,44).

«Para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia»: eis a união pela fé. E mais adiante pede: «que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça»: eis a união pela visão.

Eis o modo de nos alimentarmos espiritualmente do Corpo de Cristo: ter n'Ele uma fé pura, procurar sempre, através da meditação assídua, o conteúdo desta fé, encontrar o que procuramos pela inteligência, amar ardentemente o objeto da nossa descoberta, imitar na medida do possível Aquele que amamos; e, imitando-o, aderir a Ele constantemente para chegarmos à união eterna”.



Guigues de Chartres, o Cartuxo
Prior da Grande Cartuxa
Meditação 10 (trad. SC 163, p. 187)

DIA DO PAPA – Sobre ti construirei a minha Igreja


Crendo na Luz, torna-se luz para o mundo


“Jesus retribui o testemunho que o Apóstolo Pedro dera sobre ele. Pedro havia dito: ‘Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo’ (Mt 16,16). Sua profissão de fé sincera recebe a recompensa: ‘Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai’ (Mt 16,17). O que carne e sangue não pôde te revelar, a graça do Espírito Santo te revelou. Portanto, sua profissão de fé mereceu-lhe um nome indicando que sua revelação proveio do Espírito Santo, de quem ele é também chamado filho. De fato, Bar Iona significa em nossa língua ‘filho da pomba’.

Quanto às palavras: ‘Não foi carne e sangue quem te revelou isso’, compara com a narrativa do Apóstolo, quando diz: ‘Para que o anunciasse, não consultei carne e sangue’ (Gl 1,16). Por carne e sangue ele designa aqui os judeus. Ainda nesta passagem, por outras palavras, mostra-se que não foi a doutrina dos fariseus, mas a graça divina que lhe revelou Cristo, o Filho de Deus.

‘Por isso te digo’ (Mt 16,18). Por que afirma: ‘Eu te digo?’ ‘Porque me disseste: Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo, eu também te digo não uma palavra inútil ou sem efeito, mas te digo, pois para mim, ter dito é ter feito: Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja’ (Mt 16,18).

Sendo Ele mesmo a luz, transmitiu aos apóstolos a luz para que fossem chamados luz do mundo, bem como por outros nomes que o Senhor lhes deu. De igual modo, a Simão, que acreditava na Pedra que é Cristo, Ele deu o nome de Pedro. E prosseguindo sua metáfora da pedra, disse-lhe com sinceridade: ‘sobre ti eu construirei a minha Igreja’.

‘E as forças do Inferno não poderão vencê-la’ (Mt 16,18). Pela expressão forças do Inferno, eu entendo os vícios e pecados que seduzem os homens e os levam ao inferno. Portanto, ninguém creia que se trata de morte ou que os apóstolos não estariam submetidos à lei da morte, eles dos quais vemos resplandecer o martírio”.


São Jerônimo, Doutor da Igreja
Do Comentário sobre o Evangelho de São Mateus

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